• 3 de abril de 2013

    Atualizações

    – Então, acho que eu faço isso desde pequeno entende?

    – Hum, e para que você aprendeu isso?

    – Não sei ao certo, era importante para o meu pai mostrar que era um bom pai eu acho. E daí ele cobrava a gente para sermos sempre os melhores em tudo.

    – Quer dizer então que esse seu jeito de se cobrar foi algo que você aprendeu com seu pai que queria na verdade ser visto como um bom pai e por isso cobrava de vocês a perfeição?

    – Isso.

    – Ótimo… e você, porque seguia isso? Você poderia se revoltar não poderia?

    – Sim, mas acho que para mim era importante ser visto como um bom filho também sabe? Queria que meu pai se orgulhasse de mim sendo o que ele queria.

    – Perfeito, muito bom. Entendo que isso foi necessário para você naquela época e fico feliz de saber que você conseguiu manter o que foi necessário, está de parabéns!

    – Obrigado!

    – Me parece que hoje este mesmo comportamento te atrapalha ao invés de te ajudar não é isso?

    – Sim.

    – Então, me conte: será que você ainda precisa ser um bom filho para o seu pai?

    – Quero que ele ainda sinta que pode contar comigo.

    – Ótimo, isso é bem importante! Agora me conte: no que você ficar se cobrando ajuda ele a sentir isso?

    – Pensando bem em nada.

    – De que outra forma você poderia ajudar ele a sentir isso?

    – Poderia dizer diretamente não poderia? Eu acho que nunca fiz isso dessa forma…

    – Perfeito, simples e eficiente. E com relação à cobrança: antes ela foi algo que te ajudou a se mostrar como um bom filho e hoje, que função ela poderia ter?

    – Acho que eu poderia me cobrar caso estivesse sendo negligente com alguma coisa.

    – Perfeito, assim você poderia ficar mais tranquilo para realizar as outras coisas nas quais você é bem responsável não é?

    – Sim e parar de me cobrar.

    – Ótimo, e ao invés de se cobrar, o que você poderia fazer?

    – Simplesmente planejar: hoje vou fazer isso e aquilo e aquele outro. Fazer, me dar os parabéns por fazer e ponto.

    – Ótimo, gostaria que você imaginasse o seu dia-a-dia com todas estas alterações e me contasse como ficou.

    – (imaginando) ficou ótimo… eu até me sinto mais leve…

    – Percebi quando você deu um suspiro no meio do exercício!

    Mantemos muitos dos aprendizados que tivemos quando crianças na vida adulta, alguns são úteis como cozinhar, tomar banho, escovar os dentes, outros – como no caso acima – não são.

    A questão é que para modificarmos estes aprendizados precisamos entender para que foram necessários e se esta necessidade ainda é importante para a pessoa. Se o que motivou o aprendizado ainda é importante, porque não mantê-lo? No entanto, porque mantê-lo da mesma forma? Muitas de nossas intenções são ótimas, porém a forma pela qual executamos isso não, assim podemos manter a intenção e modificar o comportamento buscando um ajuste para que a pessoa sinta-se mais ajustada em sua vida.

    Atualizar é importante também porque alguns aprendizados que tivemos quando crianças eram úteis apenas porque eramos crianças, não são úteis para um adulto. Pense em um adulto, numa loja de vendas que mantém o aprendizado: “não fale com estranhos”. O problema é que alguns desses aprendizados foram muito importantes então é “difícil de modificá-los”, nesses casos precisamos situar a pessoa como adulta para que ela perceba a situação como adulto. Muitas pessoas quando se colocam na situação que causou o aprendizado se pensam como crianças e, então, pensam como crianças. Um exemplo de um cliente que sempre que pensava em fazer as coisas por si imaginava a mãe lhe dizendo aos 6 anos: “tá vendo, você magoou seu pai e se ele ficar brabo com a gente vai embora de casa”. Será que você conseguiria fazer algo com esta lembrança? Ou provavelmente seria um freio? Quando ele se imaginou como um adulto nesta cena simplesmente disse para a mãe que em primeiro lugar ele não iria embora por bobeira e se fosse ele iria ajudar nas contas da casa. Isso atualizou o aprendizado e ele reorganizou várias experiências conseguindo mover-se com mais facilidade pelo mundo.

    Perguntarmo-nos quando aprendemos algo que consideramos vital e nos impede de seguir no mundo e para que aprendemos aquilo é importante para modificarmos limites em nós mesmos.

    Abraço

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