• 17 de maio de 2013

    Vergonha

    – Me sinto envergonhado quando vou falar com eles.

    – O que te causa vergonha?

    – Sei lá… eu acho que o que eu vou dizer para eles não é muito interessante… eles podem rir de mim ou não se importar.

    – Isso já aconteceu com você antes?

    – Na verdade não…

    – Onde aprendeu, então, que o que você vai dizer não é interessante?

    – Não sei ao certo… fico com medo que seja.

    – Você acha o que tem a dizer interessante?

    – Várias vezes… às vezes eu vou lá todo empolgado, daí olho para eles e fico quieto.

    – Entendi. Quando olha para eles imagina os risos ou a falta de interesse?

    – É…

    – Na pior das hipóteses, se eles rissem ou mostrassem falta de interesse; você saberia como lidar com isso?

    – Acho que  não, acho que eu ficaria muito mal.

    – Então temos que te ajudar a lidar com isso não é?

    – É… acho que se eu me sentisse seguro de que acho aquilo legal mesmo que alguém ria ou deboche ou poderia falar e daí ia retrucar ou rir junto com eles ou tirar sarro de quem riu do que eu falei.

    – Hum… você já fez isso antes?

    – Sim… em alguns momentos inspirados… (risos)

    – Perfeito, vamos começar por aí então…

    A vergonha é uma emoção na qual a pessoa – geralmente – atribui um valor negativo ao seu comportamento ou as conseqüências que vão advir do seu comportamento, este valor negativo faz com que ela não tenha o comportamento que deseja ter.

    Este valor negativo pode advir de uma pessoa importante que lhe ofereceu este valor (um pai ou mãe que lhe diz que é feio dizer que é falta de educação retrucar), por uma experiência negativa que a pessoa teve no passado ou por uma percepção errônea que a pessoa faz das conseqüências de seus comportamentos.

    A vergonha está intimamente ligada com dois fatores: saber como reagir à possível “cena temida” (a reação pode ser desde um comportamento até uma nova forma de perceber a situação) e desorganizar o valor negativo associado ao comportamento que se deseja ter (por exemplo, retrucar por ser inadequado muitas vezes, porém as vezes deve ser feito, então nem sempre é feio fazer isso). Além disso também vale a pena verificar – como já foi dito – se a vergonha é causada por uma referência interna – a pessoa acha isso vergonhoso – ou se foi algo recebido de alguém – seus pais achavam aquilo vergonhoso – se a situação for com relação à terceiros é importante fazer com que a pessoa coloque a sua percepção acima da dos outros.

    Também é interessante perceber que a vergonha pode ser associada à identidade da pessoa -sinto vergonha de mim. Este caso é muito interessante pois, geralmente, tem a ver com uma generalização que a pessoa faz. Ela fez ou tem o hábito de fazer algo que a envergonha, e como faz habitualmente acaba por rotular-se como motivo de vergonha. Precisamos desfazer esta associação e, então, ajudar a pessoa a perceber o que a faz ficar envergonhada e criar alternativas para isso. Uma vez que consiga criar todas estes recursos a pessoa terá mais liberdade para escolher o que fazer.

    Abraço

    Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br

    Comentários
    Compartilhe: