• 27 de maio de 2013

    O corpo fala

    – E eu fico muito tenso com isso

    – Sim, você tende a se fechar todinho não é mesmo?

    – Sim.

    – Percebe que a sua respiração trava, os seus olhos ficam vagos e e teu peito se fecha quando acontece isso contigo?

    – Agora que você falou… estou sentindo isso agora… parece que eu saio do chão…

    – Exato, levante-se então, vamos fazer um exercício…

    – Ok.

    – Fique de pé, com os pés um do lado do outro e coloque o peso do seu corpo na parte da frente do pé, e use seus dedos como se estivesse agarrando o chão com eles.

    – Ok

    – Sinta como se você estivesse agarrado ao chão e “empurrando” o seu corpo para cima com sua pernas.

    – Certo

    – Cruze as mãos atrás da cabeça e incline o seu corpo para frente, usando as pernas para empurrar o seu corpo, sinta a sua coluna se alongando… ótimo… quando a dor do alongamento diminuir um pouco solte as mãos para frente, deixe seus olhos abertos e respire bem profundamente…

    – (ele executa)

    – Sente suas pernas com um leve tremor?

    – Sim

    – Ótimo!

    – (permanece um tempo na posição)

    – Agora suba bem devagar, use suas pernas para levantar o seu corpo, deixe a cabeça relaxada e desenrole a coluna a partir do quadril. Ótimo… como está?

    – Nossa… quando eu falei que estava tenso não conseguia perceber a solução do meu problema, agora parece que eu voltei para Terra, relaxei e está claro o que eu tenho que fazer sabe?

    – Perfeito!

    Nosso corpo não apenas fala, ele respira, se emociona, pensa. Quando ouço o argumento de que é no cérebro que as coisas realmente acontecem eu pergunto: e o cérebro é o que? Um alienígena dentro de nós? Cérebro é corpo, um amontoado de células.

    No entanto, saber disso é uma parte do negócio a outra parte está ligada em saber como transformar esta informação em algo concreto, como no exemplo que dei acima. A pessoa estava muito “tensa” e  tinha “saído do chão”, ela não estava mais em contato consigo, precisava defender-se da situação emocional que estava causando aquilo tudo e fazia isso “saindo do chão” e tensionando, como se fosse uma bolha de chumbo flutuando no espaço.

    Ao fazer aquele exercício conhecido como “grounding” a ideia foi trazê-lo para terra novamente ao mesmo tempo em que eu o ajudava a relaxar. Ao usar as pernas para se sustentar a pessoa aprende a “dar-se a própria sustentação” e com isso a “solução” começou a ficar mais clara.

    A forma pela qual usamos nosso corpo altera nossa percepção, nossa emoção e nosso pensamento. Se você duvida, corra  durante uma hora e perceba como isso altera o seu estado de humor, ou então tensione todo o seu corpo durante um minuto e tente fazer a apreciação de alguma coisa: uma música, um copo de vinho ou de um quadro. Agora faça o contrário: relaxe, faça um groundig e então aprecie. Nossa mente e emoções afetam nosso corpo, a parte bacana disso é que o contrário também é verdadeiro e com isso temos duas vias para o auto-conhecimento e para a mudança!

    Um benefício extra que este tipo de visão proporciona é que o seu contato com a sua saúde fica aumentado. Ao perceber mais o seu corpo você se torna naturalmente mais exigente de uma “qualidade somática” de vida. Dificilmente vai ficar inerte ao perceber um excesso de tensão, ou uma falta dela; provavelmente vai querer cuidar mais da sua saúde o que só traz benefícios.

    Abraço

    Viste nosso site: www.akimpsicologo.com.br

    P.S: para trazer este conhecimento na prática a Akim Neto Psicologia Clínica estará realizando a partir de junho um Grupo de Consciência Corporal, confira no link:

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