• 19 de julho de 2013

    Performances

    – Bem, na verdade eu nem queria estar lá para começo de conversa.

    – E porque foi?

    – Ah, é chato não ir né?

    – Sim, concordo, mas no seu caso você é um cara que sempre vai não é mesmo?

    – Sim.

    – Será que ia destruir a sua relação você não ir uma vez só?

    – Sei lá… mas…

    – Se você não fosse, o que você estaria colocando em risco?

    – A minha reputação!

    – “Reputação” de que?

    – Ah, eu sempre sou visto como um cara cavalheiro, cordial, “pau para toda obra”.

    – Perfeito! Agora: é isto o que você quer ser o tempo todo? O “cara legal”?

    – Eu não consigo ser assim o tempo todo.

    – Graças à Deus! Nem você e nem ninguém. Muito bem, se as pessoas não amasse isso, amariam o que em você?

    – Nossa… não sei…

    – Ninguém nunca te amou sem saber das suas “performances” de bom moço?

    – Sim… na verdade tive uma namorada que me disse uma vez que eu não precisava agradar ela o tempo todo, que eu podia relaxar.

    – O que aconteceu com ela?

    – Terminei… (risos)… É… parecia que se ela não queria aquilo ela não queria o meu amor.

    – Uma bela besteira né?

    – Pois é…

    Ser amado tal como se é.

    Um desejo de todo ser humano, porém poucos são aqueles que se colocam tal como são.

    Em um post anterior escrevi sobre o mito de ser amado tal como se é, pelo fato de que o nosso jeito de ser pode, por vezes ser algo desagradável para uma pessoa. Não por ser nosso, mas pelo comportamento em si. Diferencia-se, assim, gostar do “eu” e gostar dos “comportamentos” e atitudes da pessoa.

    O post de hoje tem a ver com o outro lado: o lado da pessoa aceitar quem é e colocar isso na relação, mesmo sabendo que poderá ter partes de seu comportamento rejeitadas pelo outro. O contrário disso são as performances – que encontro o tempo todo em consultório – das pessoas que mostram algo que – no julgamento delas – os outros vão gostar, mas mantém o seu “eu” mais resguardado. O mais incrível é quando estas pessoas “se soltam” e o parceiro(a) diz: “nossa, que legal isso”. E daí a pessoa pensa: “porque diabos não me soltei antes?”

    Obviamente o oposto disso também ocorre – não quero criar fantasias em ninguém – e muitas vezes, ao se soltar, a pessoa recebe uma desqualificação. Sem problemas também, a  ideia central é a seguinte: o importante é você aprender a viver o que você deseja viver a negociação disso com o outro deve percorrer um caminho que leve ao respeito mútuo, uma vez que se atinja isso, a relação tende a crescer.

    O outro caminho é  escolher realizar apenas aquilo que o parceiro deseja o que à longo prazo leva à fadiga e sensação de desamor. É praticamente inevitável que o relacionamento sofra estas conseqüências quando está baseado em performances de um ou de ambos os lados. Se você está sendo performático pergunte-se: é assim que desejo viver minha vida? O que eu desejo é muito errado ou sem valor? Como seria se eu colocasse mais o que eu desejo? Como vou lidar com o desacordo do outro – caso ele ocorra? Estas perguntas ajudam você a desvincilhar o seu desejo pessoal de julgamentos morais e a buscar mais competência sobre como lidar com a diferença. Aproveitem!

    Abraço

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