• 25 de julho de 2014

    Fugas

    eu-ja-tentei-fugir-mais-vc-n-sai-da-minha-cabeca

     

    • Eu estou percebendo que não estou resolvendo o meu problema.

    • Concordo.

    • Mas e então, o que você me diz?!

    • Sobre o que?

    • Sobre isso… a terapia não está me ajudando.

    • Fato, concordo com você. Tenho ouvido muito você falar e também vejo que não estamos indo ao ponto.

    • Então porque você me deixa falar?

    • Estou esperando o momento em que você vai parar de ficar falando de amenidades e começar a falar sério sobre você.

    • (Silêncio) Eu acho que está na hora de começar mesmo.

    • Já não era sem tempo.

     

    Em terapia, muitas e muitas vezes ouço as pessoas falando sobre trivialidades. Obviamente, as sessões começam com elas: “está frio hoje não”, mas à medida em que o tempo passa as pessoas começam a falar daquilo que importa realmente. Outras não.

    Fugir, esquivar-se são os termos que usamos para descrever o comportamento que temos quando estamos evitando falar de um tema, entrar numa determinada emoção ou ter algum comportamento. Mas porque fugimos? O que fazer com isso?

    A fuga, em geral, tem a ver com a nossa sensação de incapacidade de lidar com determinada situação. Quanto mais competente a pessoa sente-se para lidar com algo, menos ela precisa fugir ou esquivar-se daquilo. Algumas vezes o problema é a situação, outra vezes a emoção que a pessoa sente, ou seja, ela até sabe o que fazer com a situação, mas não consegue lidar com a emoção que fazer o que tem que fazer despertará nela. Assim, a esquiva das emoções pode ser um outro motivo.

    É importante lembrar que a esquiva e a fuga não são “ruins” por si, elas são comportamentos que visam resguardar a pessoa, são defesas e, muitas vezes, são bem-vindas. Recomendo, vez ou outra que alguns clientes em determinadas situações realmente se esquivem delas, deixem de lado – durante um tempo – a responsabilidade de lidar com um ou outro aspecto importante de suas vidas.

    O problema surge quando a esquiva torna-se o comportamento padrão. Porque? Porque isso significa que a pessoa não vai aprender o que precisa para lidar com a situação que está precisando enfrentar. Quando solicito de meus clientes que se distanciem um pouco é justamente para ajudá-los a adquirir as competências necessárias para voltarem lá mais sábios e lidarem com a situação. Quando a pessoa não sai da esquiva ou da fuga, temos um problema, visto que em muitas situações ela não poderá se esquivar para sempre.

    O primeiro passo é perceber que estamos nos esquivando. Ter a sinceridade de nos dizer: “estou fugindo disso” e frear o impulso de fugir, buscando organizar-se para lidar com o problema. O segundo é justamente esse: aprender a lidar com a situação percebendo do que fugimos de fato, o que nos motiva à fugir e como, de fato, lidar com isso ao invés de permanecer na fuga. A terceira parte é o futuro enfrentamento depois da preparação, ou seja, ir e resolver a situação.

    Existem vários motivos pelos quais uma pessoa não aprendeu a lidar com determinada situação e não caberia aqui enumerá-los, o mais importante talvez seja deixar a mensagem de que você não deve se culpar por fugir ou ter fugido de determinada situação, mas sim de perceber isso e perguntar-se até quando você vai querer se manter insuficiente sobre esta situação.

    Abraço

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