• 12 de novembro de 2014

    Perfeição que atrapalha

    michelangelo

    • Eu quase não vim hoje

    • Porque não

    • Não consegui fazer a tarefa que combinamos

    • Entendo… mas qual o problema?

    • Se eu tivesse feito teríamos mais produtividade hoje!

    • Sim… porém isso não inviabiliza a sessão não é?

    • Sim, mas…

    • Mas?

    • Não sei… eu deveria ter feito…

    • O que pode acontecer de ruim em não ter feito além da perda de produtividade?

    • Bem… não sei… o que você vai pensar de mim?

    • O que você imagina?

    • Que eu sou um vagabundo ou algo assim… mas não é verdade sabe?!

    • Claro que sei… na verdade não estou pensando isso.

    • Sério?

    • Sim

    • Isso me dá um alívio…

    • Enquanto seu terapeuta tenho estado mais interessado na tua pessoa do que no teu desempenho.

    (olhos lacrimejam)

    Buscar a perfeição.

    Mas quando a perfeição atrapalha? Muitas pessoas queria fazer as coisas tão perfeitas que nunca saíram do lugar. Na verdade a perfeição atrapalha quando não nos permitimos o erro por confundi-lo como falta de perfeição. Nesse sentido, em geral, o que temos não é um problema com a coisa a ser executada em si, mas sim um problema com a identidade da pessoa que busca a perfeição.

    É comum que pessoas que buscam a perfeição tenham uma imagem de si semelhante àquilo que estão buscando, ou seja, é comum que a pessoa que busca pela perfeição tenha uma auto imagem altamente idealizada. Assim qualquer desafio novo surge como uma oportunidade de testar esta imagem o que pode, para alguns soar como motivação para enfrentar o desafio e para outros um motivo para retirar o time de campo. A agressão, no entanto, fica óbvia tanto para um quanto para o outro.

    Aquele que enfrenta, no longo prazo acaba se desgastando por estar em contato constante com o estresse necessário para vencer os desafios. Em geral uma pessoa mais agressiva que busca sustentar aquela imagem à todo custo mostrando sempre a força para vencer desafios. O que foge consome-se em arrependimentos de nunca ter tentado algo a mais e pode se tornar uma pessoa que culpabiliza os outros ou que está sempre se apoiando nas pessoas para buscar aquilo que ela quer.

    Gosto sempre de salientar que buscar a qualidade é uma virtude e é algo importante. O problema é quando esta busca tenta ser um comportamento para justificar uma auto imagem idealizada e irrealista de quem, por exemplo, nunca erra ou está sempre certo. Aí é que o problema se instaura de verdade porque a busca da pessoa não é apenas pela qualidade, mas sim para justificar uma imagem e um padrão de comportamentos em geral associado à uma baixa competência na área afetiva e de relacionamentos.

    Porque preciso ser perfeito? O que há de recompensa para mim caso eu chegue lá? E se não for, o que acontece?

    Estas perguntas são importantes de serem feitas além de outras que buscam trabalhar com a pessoa a seguinte noção: não é necessária a perfeição em alguma área da vida para conseguir afeto. Na verdade, trata-se de dois temas completamente distintos e ajudar a pessoa a fazer esta distinção liberta ela de uma dolorosa cobrança que nunca se finda verdadeiramente.

    É quando o perfeccionista pode encontrar em si um lugar para repousar e se aceitar tal como é que ele pode relaxar e aprender a se suavizar em termos de suas emoções. Que ele pode se abrir ao encontro com o outro de uma maneira mais suave e ainda assim manter as suas habilidades e a sua busca por competências na área de sua escolha, a grande diferença é que agora suas emoções estão livres e ele pode usá-las à seu favor ao invés de contra ele.

    Abraço

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