– É difícil pra mim isso.

– O que é difícil nisso?

– É que… saber que eu não vou conseguir controlar ou cuidar… sei lá agora… me faz sentir fraco.

– Entendo, qual o seu problema em sentir-se assim?

– Eu… não gosto.

– Bem, ninguém “gosta” de se sentir assim eu suponho. Mas a questão é o que torna isso difícil pra ti a ponto de precisar esconder?

– Como vou ser respeitado entende!?

– Ah… claro que sim… mas será que controlar a vida das pessoas ao seu redor tem dado efeito bom?

– Na verdade não…

 

Me perguntam se devemos ou não devemos mostrar nossas fraquezas. É interessante pensar no que motiva as pessoas à esta pergunta, visto que decidir pela exposição da fraqueza não é um tema central. O que é ser fraco para você?

O ponto inicial sobre sentir-se fraco é determinar o que é ser “forte”. Não é difícil achar pessoas que se sentem fracas apenas por terem expectativas irrealistas ou até mesmo deslocadas (expectativas de terceiros e não pessoais) sobre um determinado assunto.

Por exemplo, quando perguntei para um rapaz como ele saberia que seria um cara forte em relação às suas emoções ele disse que seria se ele “não sentisse nada, se nada o incomodasse”, logo perguntei: “então caso seu pai e mãe morram num acidente o “homem forte” iria olhar e dizer algo do tipo “inté, agora me de o jornal”? E ele compreendeu.

O ponto que se segue é que sempre nos sentimos fraco em relação à alguma coisa. Pode ser todo tipo de coisa, mas é sempre em relação à algo. Temos também a “fraqueza existencial” digamos assim de uma pessoa que não se sente forte para viver, para enfrentar os problemas da vida.

Digamos, no entanto, que você tem um tema claro e um padrão adequado e mesmo assim sente-se fraco. O que é importante fazer? Se você tem uma criança que é muito fraca, como ajudá-la a ir para a escola, por exemplo? Ajudando-a a se tornar mais forte dentro dos seus limites e a se defender daquilo que pode feri-la. Ocorre o mesmo com as fraquezas psíquicas e emocionais.

Ora, se me sinto fraco em relação às minhas emoções é importante que eu crie mecanismos para me defender. Em geral, conseguimos fazer isso refletindo sobre as experiências que tivemos e identificando maneiras melhores de agir no futuro. Compreender o que motivou a emoção e as nossas reações faz parte desse trabalho.

Junto com isso, posso aprender a desenvolver mais o meu contato com minhas emoções e  me tornar mais forte. No caso do rapaz que citei acima, o problema maior era com o medo que o paralisava. Trabalhamos juntos para ele ter outras respostas em relação ao medo e às situações em que tinha medo e isso o fez sentir-se mais forte e competente em relação às outras emoções. Logo ele começou a explora-las e conseguir, por si, dar boas respostas às situações que estava vivendo.

Portanto… qual o tema de “mostrar ou não” é, nada mais que uma ansiedade de quem se percebe fraco. Em geral a expectativa é a de contar para não ser agredido. Ora, se você é agredido numa relação pela sua fraqueza isso já indica que está na hora de cair fora dessa relação. Por outro lado o que é realmente importante é saber defender e ficar mais forte. Assim sendo é mais importante aprender a dar um limite frente à alguém que agride você num tema em que se sente fraco do que meditar se você fala ou não fala.

No que você se sente fraco?

Abraço