• 24 de agosto de 2016

    Quietude

    – Mas eu não consigo.

    – Sim, e o que acontece que você não consegue?

    – Não sei, fico pensando demais?

    – Não sei se este é o problema exatamente. Me parece que você não apenas pensa, mas se inquieta com o que pensa.

    – Sim, é verdade, é como se eu tentasse resolver tudo ao mesmo tempo.

    – Isso não é possível é?

    – Não.

     

    Nossa mente está sempre cheia de pensamentos. Esse não é o problema, é a natureza da mente. A questão reside quando nosso “eu” resolve que precisa ouvir e resolver tudo o que a mente coloca como necessidade. Será possível?

    Aprender a quietude não é simples, aplicá-la em nosso cotidiano menos ainda. A quietude é importante para encontrar espaço dentro de nós e verificar aquilo que é importante. A rotina nos força a ter atitudes padronizadas para conseguirmos desempenhar o que precisamos e está certo isso, o problema é que precisamos da quietude para verificar o que estamos fazendo de tempos em tempos.

    Praticar a quietude é complicado porque temos uma cultura que nos diz para não parar, sempre estar melhorando e indo além. Estar quieto é estar sem movimento, apenas observando o que se passa em você. A quietude nos faz sentir nosso organismo, nosso metabolismo, é com esta prática que detectamos algumas sutilezas em nós e aumentamos a ligação com elas. A partir disso é que podemos refletir sobre o que é importante para nós e o que podemos descartar.

    “Quem trabalha muito, não tem tempo para ganhar dinheiro”, adoro esta frase, embora eu seja um entusiasta em relação ao trabalho e goste muito de produzir, é importante saber no que você está trabalhando. O brasileiro se gaba em ser um povo trabalhador, porém isso nem sempre é tão importante. Trabalhar muito sobre algo que não dá muito futuro ou retorno é jogar energia fora. Aquietar-se é importante para percebermos isso.

    Respirar é o primeiro passo. O segundo é simplesmente perceber seu corpo como um todo, musculatura e órgãos internos. A partir disso é simplesmente ficar em contato com o organismo, observando o maravilhoso processo da homeostase em você lhe pedir por alguma atitude ou movimento. O corpo fala conosco, mas precisamos saber ouvir suas mensagens.

    As mensagens do corpo vem na forma de ideias, vontades, desejos, sentimentos, sensações. A linguagem também precisa de um certo tempo para se desenvolver, ela não é uma palavra que traz um significado pronto e rápido, mas sim uma canção que precisa ser ouvida em sua plenitude para ser compreendida. Quando aprendemos a ouvir estas mensagens estamos no estado de quietude, que, paradoxalmente, não se trata de silêncio, mas sim de ouvir o que realmente importa.

    Abraço

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