• 18 de janeiro de 2013

    O outro em mim

    – Me dá uma raiva quando ela faz dessas… fica se fazendo de coitada!

    – Dá nos nervos é?

    – Nossa… com certeza! Eu não consigo imaginar como uma pessoa foi criada dessa forma.

    – Sei, como foi a sua educação em relação à isso?

    – Para mim é o seguinte: pare de chorar e faça acontecer!

    – Entendi, choro não era com vocês é?

    – Sim. Eu até me lembro de uma vez que eu tinha apanhado na escola e meu pai chegou e me disse: “tá, vai chorar ou vai dar o troco?”

    – Uau, espartano o negócio!

    – Sim.

    – Mas isso não quer dizer que você não fique inseguro ou com medo de vez em quando né?

    – … É… acho que todo mundo fica não?

    – E como você reage quando fica assim?

    – … Eu sei lá, acho que faço o que sempre fiz: ataco!

    – Sim. Mesmo que esteja com medo, ataca. E quando você não sabe o que fazer?

    – Eu tento sempre agir eu acho, às vezes fico quieto pensando até agir.

    – Entendi. E ela não é assim né?

    – Nem um pouco…

    – Pois é… o que ela mostra que você não consegue mostrar?

    – A dúvida… insegurança. É isso que me pega nela né?

    – O que acha?

    – É sim… pensando agora vejo que eu fico brabo porque quando ela faz assim eu quero fazer algo para ajudar ela, não quero ver ela insegura, sem saber como agir porque eu não gosto de ficar assim.

    – Perfeito, isso mesmo.

    Todo dedo que aponta tem três dedos que voltam. Sempre que uma características nos outros nos irrita muito ou nos deixa brabos temos que olha para nós mesmos.

    Dizemos que os outros são nossos espelhos, no entanto é preciso fazer um entendimento disso. Espelho não deve ser entendido no sentido literal de o que eu vejo é exatamente igual ao que eu faço: existem pessoas que não gostam de roubo e não roubam, por exemplo. Quando falamos em espelho o entendimento que se deve ter é de que o que vemos é um reflexo de algo nosso. Reflete algo da nossa natureza naquela natureza. Essa reflexão não é necessariamente uma cópia, mas também algo que completa o reflexo que temos de nós.

    Por exemplo o conjugue de um adicto. Não é por se irritar com o vício que ela também se torna uma viciada, no entanto esta característica do outro pode ter um reflexo dela na questão da dependência. Ela pode não ter vícios com substâncias, mas pode ter uma dependência emocional com alguém ou alguma coisa, por exemplo.

    Assim, sempre que algo no outro nos aborrece ou irrita é hora de ver o que de mim está sendo refletido neste comportamento desta pessoa. Pode ser que você perceba uma ligação direta: “são tão teimoso quanto meu pai”, “sou tão controladora quanto minha mãe”. Perceba então como você faz isso e como pode melhorar isso em você.

    Também pode ser que a ligação seja indireta, ou seja, algo no comportamento da pessoa te irrita e você não tem aquele comportamento, mas tem algum outro que complementa – de alguma forma – o da outra pessoa. Um caso clássico é pessoas que não gostam de gente “folgada”, geralmente quem não gosta de gente folgada não sabe relaxar ou dar limites. Quando aprendem um ou ambos comportamentos acabam por ficarem menos intransigentes com pessoas folgadas.

    Quando se aprende a lidar com a característica que nos ofende conviver com as pessoas que exibem estas características fica mais simples. A pessoa não tem que necessariamente conviver, mas ela abre esta opção. Se não quiser será por escolha de outros tipos que a interessam mais e não por não saber como lidar com alguma característica que a enerva.

    Abraço

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