• 21 de fevereiro de 2014

    Falar de mim?

    – Pois então Akim, confesso que estou querendo parar a terapia.

    – Opa, e o que te faz querer isso?

    – Bem, é que eu já resolvi o meu problema de inadequação no trabalho, e as coisas estão mais calmas em casa com meus filhos, então… o que resta né?

    – O que?

    – Como assim?

    – O que resta… você já resolveu o trabalho, a paternidade… e agora, fala-se do que?

    – Eu não sei. Tem do que falar ainda?

    – Você já não é mais inadequado no trabalho, não é mais um pai inadequado e nem um marido inadequado… perfeito! Dentro de todo o seu trabalho, qual foi o ponto básico que trabalhamos em todas estas áreas?

    – Bom… eu me lembro que eu sempre comecei pela auto aceitação que você sempre falava e eu me arrepiava né?

    – Sim, portanto… o que resta falar?

    – Você acha que resta falar de mim?

    – O que você acha?

    – Mas o que eu vou falar de mim?

    – Não sei… que tal pensar um pouco sobre o assunto?

    – Me sinto estranho pensando nisso…

    Muitas pessoas sentem-se inadequadas em suas vidas. Percebem-se inadequadas em seus relacionamentos sociais, trabalho ou vida familiar. Existe uma parte dessas pessoas que  possuem problemas de relacionamentos os quais, quando resolvidos, fazem com que a sua percepção de inadequação desapareça. Na verdade ela precisava aprender a como se impôr, dar limites, se abrir ou a fazer amigos. Trata-se de uma questão de aprendizagem de habilidades interpessoais.

    Um outro ponto trata de uma percepção de identidade da pessoa. Nesta situação não importa muito o quanto a pessoa aprenda, a sensação de inadequação permanece, pois “ela” e inadequada, assim sendo, qualquer coisa que “ela” faça será inadequada. Se ela aprende um comportamento “adequado” e o executa, julgará como tendo feito de maneira imprópria, se alguém lhe disser que fez algo bem feito irá tratar como bajulação, enfim, arrumará uma premissa para entender que ela permanece inadequada.

    Neste tipo de situação é importante trabalhar buscando uma nova forma da pessoa se identificar com ela mesma, o foco aqui é a auto imagem que a pessoa faz de si. Percebam que eu disse “faz de si”, ou seja, nossa auto imagem, como o próprio nome já diz, é criada por nós mesmos e, assim sendo, é importante que estejamos atentos à como ela está formada.

    Esta formação em geral não tenta fazer a pessoa achar-se maravilhosa, linda e poderosa como em geral se fala “por aí”, mas sim de buscar uma percepção profunda e realista da pessoa tal como ela é: com qualidades, defeitos e limites que ela tem. A necessidade de buscar por esta visão realista é de que a auto imagem e a auto estima “verdadeiras” se constroem sobre aquilo que é, ou seja, sobre o real, e não sobre fantasias de onipotência ou de impotência.

    Trabalhar desta forma traz o tema da auto aceitação que é o fator fundamental para lidar com a sensação de inadequação. Aceitar o que é, tal como é e poder perceber como isso que sou reflete na minha vida de maneira realista é uma das formas de lidar com a desorganização de fantasias de onipotência e de impotência que podemos trazer conosco. Afinal a inadequação traz uma boa dose de ilusão que precisa ser desfeita para que a pessoa aprenda o que realmente precisa aprender e que ela deixe de lado medos infundados.

    Grande abraço pra você.

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