• 27 de fevereiro de 2015

    Ambiguidades

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    • Estou me sentindo muito estranha.

    • Fale mais sobre esse estranho

    • É como se eu não fosse eu de verdade…

    • Hum… De que maneira você sente isso?

    • Eu me sinto mais dona de mim entende? Daí eu não tenho mais sentido culpa.

    • Ah, entendo.

    • Eu sinto certeza do que eu quero fazer e ao mesmo tempo sinto como se fosse estranho me sentir assim.

    • Sim, como você está lidando com esta estranheza?

    • Não sei… eu meio que tento deixar ela de lado, fingir que não está ali.

    • O que acontece se ela pudesse ficar ali, o que ela te diria?

    • Hum… não sei… acho que diria algo “não esquenta comigo”.

    • Me parece um bom conselho, como seria seguir ele e sentir a ambiguidade?

    • Não sei… é estranho.

     

    Tolerar a ambiguidade emocional é sinal de maturidade e crescimento. Ao mesmo tempo pode ser uma experiência muito angustiante e desnorteadora para muitas pessoas.

    Uma das principais razões disso é que todos nós temos uma “identidade emocional”, ou seja, um estado emocional com o qual nos identificamos. “Sou triste”, “sou alegre”, “sou quieto”, estas frases indicam um estado de emoção no qual a pessoa “sabe quem é”. Tanto isso faz sentido que pessoas quietas, em geral, não gostam de muito barulho ou de festas muito barulhentas porque colocam-na num estado que é distante daquele que ela se identifica.

    Uma vez que começa-se a fazer mudanças a identidade emocional é afetada. A pessoa passa a sentir emoções e estados diferentes do habitual e começa a gostar destes estados, começa a integrá-los dentro de si e reconhecê-los. Estas ações fazem com que a pessoa se perceba de maneiras diferentes, muitas vezes antagônicas. Daí a possibilidade da angustia da pessoa que sente-se como se estivesse “perdendo a sua identidade”.

    Nada mais longe da realidade, ela está, na verdade, ampliando e tornando a sua percepção de “eu” ainda mais rica, visto que ela pode contar com mais de um estado emocional para se definir e é óbvio: ninguém vive só uma emoção a vida toda. Aqui está, inclusive, um norte para lidar com a sensação de angústia que deriva do fato de perceber estas mudanças em si: a noção de ampliação da sua identidade.

    Assim ao invés de se questionar sobre “este não é o meu normal”, que tal refletir sobre o que você pode aprender ainda mais de você neste estado? Que novos elementos você pode trazer para você na sua rotina habitual a partir deste estado? Que coisas você pode rever, descartar, e começar a fazer que vão tornar sua vida ainda melhor?

    Temer o estado de ambiguidade coloca a pessoa numa escolha ingrata que é de escolher um estado afetivo ou outro, esta maneira excludente de escolher não é útil à um processo de mudança pelo fato de que corta uma parte da equação que não pode ser cortada. A pessoa veio de um estado o qual possui bons recursos e é útil em muitas situações, então para que jogá-lo fora? Ir para o novo não significa descartar o antigo, pode-se pensar, por exemplo, em redefinir e redimensionar, ou seja, dar ao antigo novas proporções e um novo lugar ou até mesmo fazê-lo de uma nova maneira e com isso aprofundar a mudança e integrar ainda mais partes de si.

    O que você tem medo de experimentar?

    Abraço

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